A verdadeira amizade.

Amicus fidelis, medicamentum vitae et immortalitatis - Eccl VI, 16.

Ao Fábio Luciano.

Ontem foi aniversário de um grande amigo, pensei ontem sobre o tema da amizade e resolvi aventurar-me a escrever algo, como não conseguira concluir ontem, faço-o hoje.

Por que existem amizades que são duradouras e outras tão momentâneas? O que diferencia uma amizade de outra? Qual é a verdadeira amizade? O que buscamos nos nossos amigos? O que desejamos aos nossos amigos? São tantas perguntas e em geral temos tão pouco exemplos que parece viciada qualquer tipo de amostra que apresentemos. Mas temos um modelo ideal de Amigo... voltarei a isso posteriormente.

Primeiramente vamos tentar esclarecer algumas dessas perguntas, espero respondê-las todas no decorrer deste tópico, se não ficar claro, poderás perguntar nos comentários.

O que entendo por amizade é: Um trato íntimo entre duas almas, para se fazerem bem mutuamente.

Então, diante desta definição, fica claro as duas primeiras perguntas acima. A duração e a diferença está no bem que se comunica entre os amigos. Por exemplo: se o bem que se busca é a companhia da juventude com seus prazeres, esta acabará quando passar a juventude. Se o bem que se busca são aquelas de nível sensível e frívolo, a amizade acabará quando estas sensações passarem. Se o bem que se troca são científicos, acabará quando este interesse esfriar. Se o bem que se troca são virtudes, é mais profundo e duradouro por ser um bem maior, porém, até neste nível, como em qualquer outro bem de ordem natural, a amizade acabará um dia, pois tudo isto é efêmero.

Poderás te perguntar onde quero chegar. Há amizade que não acaba? Respondo que sim, e assim responderemos a terceira pergunta.

Como a amizade é uma comunicação mútua de bens, quando estes bens são perenes, a amizade será perene. Aí entramos num nível mais sublime da amizade, uma amizade profunda e eterna, cujo início dar-se de forma rasa aqui, mas não a finaliza. Este tipo de amizade já experimentei e experimento. E é desta que quero tratar.

A verdadeira amizade é aquela, na qual o amigo deseja para o seu amigo: que ele exista e viva, todos os bens, fazer-lhe o bem, deleitar-se com sua convivência e, finalmente, compartilhar com ele suas alegrias e tristezas, vivendo com ele um só coração. (Santo Tomás “Summa Theologiae”, II-II, q. 25, a. 7). Aqui as palavras existir, viver e bem gostaria que fossem entendidas no seu sentido pleno.

Isto responde as duas últimas perguntas que fizera. Poderias ficar tentado a dizer que isto é um exagero, que é impossível viver uma amizade desta forma, que isso nunca foi vivenciado. Aí posso citar que temos um excelente modelo. O qual Fábio certamente já sabe Quem se trata. Cristo.

Ninguém tão plenamente deseja que existamos e vivamos tão completamente quanto Ele. Ninguém deseja e nos faz tanto bem quanto Ele, ninguém compartilha nossas alegrias e tristezas conosco tão inteiramente quanto Ele.

Resumindo: A verdadeira amizade é trato íntimo entre duas almas que se amam em Deus e por Deus com o fim de se ajudarem mutuamente a aperfeiçoar a vida divina que possuem. Todo o resto é aproximação imperfeita, incompleta desta e que não satisfaz o coração humano.

Abraços e feliz aniversário Fábio.

Claudemir Leandro.

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